terça-feira, 26 de julho de 2011

Naquele Instante - (Josué Firmino dos Santos)

Ferido e caído,
 sem forças pra levantar;
 apenas tentando continuar;
 sem o menor resíduo de resistência;
 sem a menor possibilidade de suportar sobre si mais um grama;
 desfalecido, entregue ao momento desencadeador do concreto e do abstrato;
 entre o sólido e o abrir as asas para o desconhecido; entre o inspirar e o não liberar a expiração; 
entre o continuar e a terminação; 
completamente entregue ao minúsculo instante da extração do que se tritura para liberar o sumo;
 entre a filtração do insubstancial e a substância; 
no momento último do fim e o iniciar da devolução;
 no escapar do ajuntamento de uma fenda; bem aí,
 logo aí, a vida desvia o olhar e alheia-se à cruciação.
Então, o que pode nos aliviar?
Alguém responde: 

a esperança de que Ele nos volte Sua face e mais uma vez diga:
“num ímpeto de ira, por um momento eu escondi de você o meu rosto;
 agora, com amor eterno, volto a me compadecer de você” (Is 54:8).

(Josué Firmino dos Santos)










Prece de alguém que sofre -



Senhor, meu Deus.
Pai bondoso, busco-O com esperança de que o seu amor seja capaz de acalmar-me agora.
Busco o colo e o aconchego de quem me conhece desde sempre e sabe bem os motivos das minhas dores e do meu desespero.
Pai de justiça e de amor envolva meu coração dolorido em Seu afeto infinito, para que meu desânimo arrefeça e que eu não desista da luta.
Ampare-me em seus braços, dando-me a certeza de que jamais estarei sozinho, mesmo quando o silêncio for meu único companheiro e a estrada da vida me parecer deserta.
Dá-me forças e coragem para seguir meu caminho, por mais duras que sejam as provas e por mais distantes que meus amores possam estar de meus olhos.
Peço, Senhor, que suas palavras ecoem em minha intimidade, guiando meus passos e curando as feridas que sangram em minha alma.
Feridas causadas por minha incúria, por meu egoísmo e pela minha falta de capacidade de perdoar.
Envolva-me em um abraço afetuoso, capaz de estancar essas lágrimas que insistem em rolar de meus olhos e de molhar minha face.
Não pretendo que o sofrimento que ora vivo seja simplesmente arrancado de meus dias.
Se ele está presente em mim hoje é porque o semeei no passado, bem sei.
Peço apenas humildemente, Senhor, para suportá-lo com dignidade.
Peço que me auxilie a me manter em pé, nesses momentos tão duros, em que sinto os joelhos cedendo ao peso do cansaço e do desalento.
Não permita, pai, que a tristeza tome, de vez, conta de meu pensamento, impedindo-me de ver com clareza e de acreditar no amanhã.
Não deixe, Senhor, que o remorso e o arrependimento pelos meus erros sejam desculpa para novos deslizes e maiores enganos.
Fortaleça meu desejo de suportar as dificuldades que me possibilitarão ser uma criatura melhor, um dia.
Que a paixão seja alavanca de progresso e não mais motivação para novos equívocos.
Ajude-me, Senhor, a trilhar o caminho do bem, por mais estreita que seja a sua porta, por mais pesado que seja o meu fardo.
Que a revolta e o desespero não preencham meus dias e nem povoem minhas noites.
Ilumine, com a sua verdade, Senhor, meus atos e minhas palavras.
Pois, sinto-me tão só e tão perdido, nesse mundo de desterro e de exílio, onde a felicidade é fugaz e passageira.
Somente a certeza da sua presença constante em minha existência pode me trazer a paz e o conforto que meu espírito infeliz tanto almeja.
Abra meus olhos para as verdades eternas da vida e conceda-me a graça de confiar sempre, sem hesitação e sem esmorecimento.
Auxilia-me, Pai bondoso, para que eu possa seguir em frente, de uma vez por todas, deixando para trás meu passado equivocado, construindo, a partir de hoje, bases de amor e de felicidade para o futuro.

Quando as duras provas da vida trouxerem para o seu coração amargura e dor, lembre-se que a prece é o meio mais eficaz que nos liga a Deus.
Lembre-se de que nada, nem ninguém, pode trazer maior alívio para nossos sofrimentos do que a presença divina em nossas vidas.
Deus, Pai bondoso e justo, jamais nos abandona ou desampara.
Confie e persista, sempre.






O Homem na Cruz - (Maria Angélica da Silva)

Lá está ele, olhar triste a contemplar o céu
Erguido está o instrumento de tortura
Olhos suplicantes numa triste amargura
A neblina da tarde torna-se um espesso véu

Algozes zombam do homem na cruz
E ele ao Pai clama o sincero perdão
Numa súplica ardente a olhar a luz
No auge do sofrimento Ele é só coração

Pai, meu Pai, perdoa-lhes, eles não sabem
Eles não sabem meu Pai o que fazem, perdão
E dos céus ele espera uma mensagem
O Homem na cruz é só amor, é só emoção

Profundas feridas na pele, respiração arfante
Grossas gotas de sangue caem, será que em vão?
Espinhos perfuram sua pele, a dor é excruciante
E Ele ao Pai implora que os perdoe de coração

Posto Ele foi ao meio de ladrões, de meliantes
O Filho do criador, que ao mundo trouxe só amor
Que aos enfermos curou é Ele o Mestre, o viajante
O homem na cruz que ali está dilacerado em dor

A mãe chora pelo divino filho que tanto amou
Ao apóstolo amado Ele entrega sua mãe querida
No extremo da dor a gratidão ao ventre que o gerou
E lágrimas jorram dos olhos, agora a despedida

As trevas à noite invadem e trovões anunciam o fim
Ele se vai por amor, o céu Ele olha e contempla a luz
Nas mãos do Pai, o espírito entrega, morreu por ti e por mim
Erguido no alto a olhar por nós sempre estará o Homem na cruz

(Maria Angélica da Silva)



















http://www.belasmensagens.com.br